segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Lançamento do último livro da coleção Pañcatantra

A festa de lançamento do terceiro e último livro da coleção Pañcatantra, traduzida por minha mãe, Maria da Graça Tesheiner, junto com Marianne Erps Fleming e a Profa. Dra. Maria Valiria Aderson de Mello Vargas, será na Livraria da Vila da Alameda Lorena (n. 1731), no dia 5 de outubro (sábado), das 15h às 18h.

PANCATANTRA1.cdr

Sobre o Pañcatantra:

“Ao perceber que esta era a essência de toda a ciência política do mundo, Vishnusharman elaborou este cativante tratado em cinco partes.” (Pañcatantra, Livro I, Prólogo)

O Pañcatantra (“Cinco Tratados”) é uma coleção de fábulas compiladas em sânscrito no início da Era Cristã. Essas cinco partes – cinco livros, ou cinco tratados – têm o objetivo de instruir jovens príncipes sobre a complexidade do comportamento humano. A análise dos temas que se entrelaçam é conduzida pelas histórias que se encaixam e pelas sentenças gnômicas intercaladas.

Os cinco livros que constituem o Pañcatantra são independentes em conteúdo e desiguais em extensão (o primeiro livro é bem mais extenso do que os outros). Por isso, as tradutoras da série, Maria da Graça Tesheiner, Maria Valíria Aderson de Mello Vargas e Marianne Erps Fleming, dividiram a publicação da obra numa série de três volumes:

1º. volume - Livro I (A Desunião de Amigos);
2º. volume - Livros II (A Aquisição de Amigos) e III (A História dos Corvos e das Corujas);
3º. volume - Livros IV (A Perda do Bem Conquistado) e V (A Ação Impensada).

O terceiro e último volume, agora lançado, vem completar a série. O Livro IV alerta para a possibilidade da perda do que se ganhou, enquanto o Livro V, para a necessidade de não se agir precipitadamente. A par do caráter moralizante dos ditados e provérbios presentes na estrutura das fábulas, a multiplicidade de opiniões a respeito de cada tema aponta para o fato de que não há verdades absolutas na sabedoria tradicional.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

“Highlights” do XI CONGRESSO INTERNACIONAL DA ABRAPT e V CONGRESSO INTERNACIONAL DE TRADUTORES

  • Em primeiro lugar: a tradução simultânea e interpretação para a Libras das palestras, mesas-redondas, alguns simpósios e – o que mais me surpreendeu e encantou - das apresentações musicais. Em especial: foi uma experiência fascinante ter a minha comunicação traduzida/interpretada para a Libras.
  • Gostei da conferência de Judith Woodsworth. Eu não sabia do envolvimento de Gertrude Stein com (pseudo?)-traduções. Fiquei com vontade de ler Three Lives (que seria baseado nos Três Contos de Flaubert – um livro que admiro muito).
  • Gostei muito da mesa-redonda sobre a tradução de Shakespeare – principalmente da parte da Profa. Marcia A. P. Martins (PUC-RJ) sobre a adaptação das obras de Shakespeare para mangá.
  • O simpósio de que participei, Paratextos: Visibilidade, tradução e discurso, foi de alto nível e propiciou discussões interessantes – uma delas sobre o uso de notas de rodapé por parte do tradutor. Em sua instigante comunicação, Gustavo Althoff (PGET/UFSC) defendeu o uso das notas, junto com o de outros peritextos, nas traduções de obras de filosofia. Francisco César Manhães Monteiro, por outro lado, criticou o uso pedante das notas por parte de alguns tradutores.
  • Acompanhei parcialmente outros quatro simpósios: História e Historiografia da Tradução I – Brasil; História e Historiografia da Tradução II – Outros Países; Tradução Literária; e A tradução como espaço do provisório e do intraduzível: relações de tempo e espaço entre as línguas. No simpósio Tradução Literária foi discutida a dificuldade em se conseguir que as editoras brasileiras aceitem a tradução de dialetos ou o uso de diálogos mais próximos da oralidade. No simpósio A tradução como espaço do provisório e do intraduzível: relações de tempo e espaço entre as línguas também se discutiu o uso de notas de rodapé. Alguns participantes se declararam a favor, outros contra, mas parece haver uma unanimidade no sentido de se reivindicar uma maior autonomia do tradutor na decisão de incluir notas ou não. Nesse simpósio, achei especialmente interessante a comunicação da Profa. Dra. Viviane Veras (IEL-UNICAMP), que falou sobre “o intraduzível” – um de meus temas prediletos.
  • Apesar de todas essas palestras, mesas, comunicações e discussões interessantes, o melhor mesmo de todo congresso acadêmico é encontrar amigos, colegas e estabelecer novos contatos. Nesse aspecto, esse Congresso da ABRAPT foi altamente positivo, pelo menos pra mim.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

XI Congresso Internacional da ABRAPT e V Congresso Internacional de Tradutores

Estou começando a fazer as malas para ir ao XI Congresso Internacional da ABRAPT e V Congresso Internacional de Tradutores, na UFSC, em Florianópolis.

Vai ser um congresso poderoso! Aqui vocês podem baixar o folder, mas nesse folder só estão os eventos maiores, como palestras, mesas e shows. Há também 63 simpósios, e mais os pôsteres.

Vou participar do Simpósio Paratextos: Visibilidade, tradução e discurso, coordenado por Francisco César Manhães Monteiro e Pablo Cardellino Soto. Apresentarei a comunicação A “Epopeia do Comércio”: peritextos a uma tradução de Os lusíadas. Eis aqui o resumo da comunicação:
Este trabalho discute, à luz dos conceitos de paratexto e peritexto de Gérard Genette, os peritextos escritos pelo poeta escocês William Julius Mickle à sua tradução de Os lusíadas, publicada na Inglaterra em 1776. As profundas transformações (omissões, acréscimos, adaptações etc) operadas no original por essa tradução relacionam-se não só às condições culturais, mas também sociais históricas e econômicas de sua produção. Com habilidade, Mickle montou um verdadeiro “pacote” para apresentar a tradução, rotulando o poema de Camões como a “Epopeia do Comércio” e acrescentando vários textos prefaciais: um ensaio em defesa da expansão marítima; uma história do descobrimento da Índia; uma história da ascensão e queda do Império Português no Oriente; uma biografia de Camões; uma dissertação sobre a poesia épica; uma dissertação sobre a ficção da Ilha dos Amores; e cerca de 680 notas. O estudo desses peritextos contribui para o desvelamento das ideologias subjacentes à elaboração dessa tradução, a mais popular entre todas as traduções para o inglês de Os lusíadas até hoje.
Até a volta!

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Voltando à década de 90 (séries/seriados de TV)

Assisti à minissérie britânica House of Cards (1990) e suas duas sequências, To Play the King (1993) e The Final Cut (1995). É um drama político temperado com aquele humor britânico cheio de sutileza, refinamento e sarcasmo. Há  muitas referências a Macbeth e Ricardo III de Shakespeare. O anti-herói Francis Urquhart, representado magnificamente por Ian Richardson, conversa frequentemente com o telespectador, o que cria uma cumplicidade entre ambos, por mais sórdido que possa ser o comportamento de Urquhart. É brilhante.

Tenho assistido também, sempre que consigo um episódio, ao seriado italiano Il Commissario Montalbano, baseado nos livros de Andrea Camilleri com esse detetive (Salvo Montalbano). Como a minha compreensão da língua italiana não é perfeita, tenho acompanhado com legendas em inglês (o seriado vem sendo feito desde 1999, mas a BBC só começou a transmiti-lo no ano passao). Por enquanto só vi os episódios mais antigos, de 1999 a 2005. O seriado foi me conquistando aos poucos, com seu ritmo lento e personagens secundários que vamos conhecendo e apreciando mais a cada episódio. O personagem Catarella, em especial, com sua fala tipicamente siciliana, é deliciosamente divertido.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Murphy (Beckett)

Meu amigo Milton Ohata, da Cosacnaify, me enviou um exemplar do romance Murphy, de Beckett, em tradução do Prof. Fábio de Souza Andrade, da FFLCH-USP. A edição é muito bonita.

Não vou poder ler tão cedo, mas, assim que terminar, comentarei aqui no blog. Beckett sempre me fascinou. Pode parecer um oxímoro, mas ele me traz uma inquietação que me é, de certa forma, familiar, conhecida.

domingo, 8 de setembro de 2013

Homenagem a Brian e Esther Lane

Alun Armstrong decidiu encerrar a sua participação na série New Tricks em sua décima temporada. Com isso, seu personagem Brian Lane está se aposentando definitivamente do UCOS (Unsolved Crime and Open Case Squad of the Metropolitan Police Service). Assim, Esther, a esposa de Brian (representada pela atriz Susan Jameson), também não aparecerá mais em New Tricks. O último episódio em que os dois participaram, o quarto episódio da décima temporada, The Little Brother, foi um dos melhores da série.

Deixo aqui a minha homenagem a Brian Lane relembrando outro dos melhores episódios da série, It Smells of Books, gravado na London Library.

Brian Lane - Alun Armstrong

E registro aqui a minha homenagem a Esther Lane com esta imagem do último episódio em que Brian e Esther participaram:

newtricks104b

Valeu a pena ter assistido New Tricks até aqui principalmente por causa de vocês.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Em defesa das notas de rodapé

Tenho amigos que odeiam notas de rodapé. O principal argumento que lançam contra elas é: “Se são necessárias, por que não as incorporar ao texto? E se não são necessárias, por que usá-las?”

Até agora eu dava de ombros e tentava, sem muito sucesso, defender as notas de rodapé – principalmente naqueles trabalhos acadêmicos mais longos, como dissertações e teses. Sempre achei que, no fundo isso é uma questão de preferência pessoal, mas eu ficava meio frustrada quando essa discussão das notas de rodapé vinha à tona, porque não conseguia explicar satisfatoriamente a minha preferência.

Hoje, ao reler um capítulo do livro Paratextos Editoriais, do Gérard Genette (tradução do Prof. Álvaro Faleiros), encontrei a perfeita expressão para os meus sentimentos. Sim, eu sei que provavelmente as palavras do Genette não vão fazer ninguém mudar de ideia, mas talvez outros apreciadores das notas de rodapé se identiquem com elas, como aconteceu comigo. Genette (p. 288) diz que não há nenhum absurdo na ideia de se integrar as notas ao próprio texto, mas que, nesse caso, haveria alguma perda ou dano:

O dano evidente, pelo menos do ponto de vista de uma estética classicizante do discurso, é que uma digressão integrada ao texto corre o risco de provocar nele uma hérnia grosseira ou geradora de confusão. A perda pode consistir na eliminação pura e simples desta digressão, às vezes valiosa em si mesma.

Mas a principal perda seria que, ao privar-se da nota, o autor se privaria da possibilidade de um segundo nível de discurso que, às vezes, contribui para dar profundidade ao texto.

A principal vantagem da nota é, com efeito, disponibilizar no discurso efeitos pontuais de nuança, de surdina, ou como se diz ainda na música, de registro, que contribuem para reduzir sua famosa e, às vezes, enfadonha linearidade.

As notas oferecem até mesmo a possibilidade de se inverter um argumento, ou acrescentar uma “virada” paradoxal ao texto. Eu mesma já usei notas para obter vários efeitos diferentes, e isso é algo de que eu jamais abriria mão!