sábado, 12 de novembro de 2011

Do conceito à imagem: a cultura da mídia pós-Vilém Flusser

Meu amigo Murilo Jardelino me enviou essa convocação. Reproduzo-a aqui ipsis litteris.

Do conceito à imagem: a cultura da mídia pós-Vilém Flusser

5 a 7 de dezembro de 2012 | Natal, Brasil

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), PPgEM, PpgCS,
em colaboração com o Arquivo Vilém Flusser da Universidade das Artes, de Berlim, e o Instituto da História da Comunicação e Estudos Culturais Aplicados da Universidade Livre de Berlim, Alemanha

Organização: Angela Almeida (Natal), Josimey Costa (Natal),
Michael Hanke (Natal), Juciano Lacerda (Natal), Angela Pavan (Natal), Gilmar Santana (Natal), Steffi Winkler (Berlim)

Nossa comunicação e, conseqüentemente, nosso mundo estão submetidos constantemente a mudanças fundamentais. A aceleração das novas tecnologias contribui para transformações radicais. O crescimento do fluxo das informações na realidade midiatizada e globalizada modifica parâmetros básicos do nosso mundo: fragmentos até então desconectados, agora dados em presença simultânea, formatam a estrutura das coisas e do próprio pensamento e modificam as categorias do espaço e do tempo. Essa nossa cultura midiática se baseia, obviamente, cada vez mais em imagens fragmentadas e cada vez menos em conceitos complexos. Aparelhos técnicos e memórias eletrônicas expandem as fronteiras da nossa vida real até o espaço virtual. Em conseqüência, o significado de nós mesmos e da realidade se altera substancialmente.

Um dos primeiros pensadores a refletir filosoficamente sobre essas mudanças foi Vilém Flusser. Ele chega a constatá-las utilizando a análise dos termos “comunicação”, “sociedade de informação”, “cultura midiatizada” e “crise da linearidade”. O código linear e conceitual, presente na escrita, no texto e no livro está sendo substituído por um código estruturado por imagens, que se manifesta em imagens em movimento e nas superfícies dos aparelhos técnico-digitais. A mudança dos nossos códigos culturais, nossas estruturas de pensamento e modelos do mundo em conseqüência da transformação da sociedade causada pela tecnologia, foi considerada por Flusser como irreversível. Enquanto isso, cada código constitui seu próprio modo de pensar, o que, por sua vez, define a percepção, os conceitos de tempo e espaço, como também os atores-sujeitos agindo nesse mundo. Ao mesmo tempo, constitui a base dos modelos de pensamento que operam na ciência, na lógica, na arte e na política. Essa mudança de paradigmas é baseada, entre outros, na retificação de nossos canais de comunicação e no papel do computador como memória externalizada. A crítica da cultura flusseriana, que ganhou forma como utopia positiva da sociedade telemática, apresenta-se hoje, surpreendentemente em muitos aspectos, bem atual.

O encontro ’’Do conceito à imagem: a cultura da mídia pós Vilém Flusser“ pretende refletir em que medida as análises e pensamentos de Flusser ainda são pertinentes, e se propõe a oferecer uma plataforma para os interessados em questões filósoficas-midiáticas que reconhecem as teorias de Flusser como ponto de referência. Nesse sentido, levantam-se as perguntas: Qual relação se estabelece entre o código linear e o código digital, zerodimensional e computado? O código linear, realmente, se torna insignificante? Quais relações existem entre o código linear e o código imagético? E hoje, como se apresentam as consequências previstas por Flusser, positivas e negativas, ou seja, as possibilidades e os riscos, vantagens e desvantagens? Como a transformação das categorias de tempo e espaço modifica as nossas dimensões de agir? A impossibilidade de distinguir entre fatos e ficção, defendida por Flusser, realmente se aplica à situação vigente? Qual é a relação entre a sociedade telemática de Flusser e as redes sociais de hoje? Quais aplicações empíricas que a abordagem flusseriana oferece? E quais correlações com outros pensadores, complementações e críticas seriam indicadas?

Como o princípio da obra filosófica de Flusser é o diálogo entre as disciplinas e metodologias, abre-se assim a possibilidade de expandir um vasto campo de relações entre ciência e arte, estudos das mídias e estética, mídias antigas e novas e, indiscutivelmente, entre o olhar e o pensamento por meio de aparelhos. Assim, o encontro vai ser também composto de uma exposição que pretende construir coletivamente uma grande imagem em rede constituída de painéis de expressões com elementos e formas heterogêneas, discursivas e perceptivas, inscrições informacionais ou tecnológicas, plásticas ou não, que operam a partir da obra de Flusser e suas relações possíveis, visando uma potência poética dos trabalhos. Nesses termos, leva em conta as dimensões da obra de Flusser nos dois países, isto é, Brasil e Alemanha e se entende como parte da cooperação acadêmica entre os dois. Os idiomas do encontro são alemão, inglês e português.

Propostas em forma de resumos expandidos (entre 4.000 e 6.000 caracteres) devem ser enviadas até 31 de dezembro para: Flusser2012@cchla.ufrn.br

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