terça-feira, 18 de junho de 2013

Eu estava lá, ontem

Acho que foi o Friedric Jameson que disse que a história não é um texto – é fundamentalmente não narrativa, não ficcional –, mas só é acessível sob a forma de texto.

Mas isso é só um preâmbulo para dizer que sinto a necessidade de escrever, ainda que tosca e rapidamente, sobre a experiência que foi participar, ontem, dos protestos contra o aumento do preço das passagens em São Paulo.

Entendo perfeitamente o sentimento, expresso por muitos, de estar “acordando” depois de uma longa hibernação, depois de anos de apatia política. É bonito. Há uma crise de representatividade, como muito bem diz o meu amigo Caio. E não parecia haver canais de expressão para as nossas demandas não satisfeitas (que são, na verdade, muitas). As redes sociais, por mais ágeis e envolventes que sejam, não esgotam o problema. Faltava as ruas. Nestes últimos dias, a impressão que se tem é que as redes sociais descobriram as ruas. Belo, auspicioso encontro.

Foi bom estar lá. Eu, veterana das mobilizações contra a ditadura, pelas Diretas Já, pelo impeachment de Collor e tantas outras lutas. Meio perdida no meio de tanta gente – principalmente jovens. E como assim, não tem palanque, não tem político famoso, não tem nem carro de som? Por ora, parece melhor assim. Mesmo que a gente ache que talvez um pouquinho mais de organização fosse proveitoso, e que ter objetivos e plataforma política não é algo condenável, mas necessário para que esses movimentos possam se concretizar em mudanças. Mas é assim mesmo, “baby steps”, primeiros passos. Alguma coisa vai ser, como dizíamos em 1984 ou 1985.

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