sábado, 12 de março de 2011

O que são “Estudos da Tradução”?

Como eu pretendo falar sobre meus estudos, achei que seria bom fazer uma breve introdução sobre o que eu entendo por “Estudos da Tradução”. A expressão “o que eu entendo” é importante aqui, pois não acredito que existam definições universais, “essencialistas”. Toda definição implica um sujeito que está inserido em um contexto, ou seja, toda definição é histórica e ideologicamente marcada.

Os Estudos da Tradução (leia implicitamente “no meu entender” em tudo o que estiver escrito a partir daqui) procuram compreender a tradução, qualquer que seja a sua definição e prática. Não existe e jamais existirá uma definição absoluta, universal, do que seja tradução. Cada pesquisador define tradução de acordo com os objetivos de seu estudo — e precisa, naturalmente, justificar essa definição.

Um dos objetivos dos Estudos da Tradução é verificar que textos, nas diferentes épocas, foram rotulados como “traduções”, em contraste com outros que não foram assim rotulados, e procurar descobrir os motivos que levaram a essas distinções.

Outro objeto dos Estudos da Tradução é a pesquisa a respeito de que textos são traduzidos em uma época e que textos não o são. Aqui, novamente, procura-se estudar os motivos dessas escolhas.

Os Estudos da Tradução também se interessam pelos tradutores: quem são, a que classes pertencem, como ganham a vida, como se tornaram tradutores?

É preciso estudar também os discursos a respeito da tradução. Como a sociedade, os intelectuais, os próprios tradutores se referem à tradução em uma determinada época? Que metáforas são usadas para se referir à tradução? (Há metáforas muito interessantes e reveladoras! Espero poder falar nisso em outra ocasião.)

Quais são os diferentes tipos de tradução? Quais são os critérios para a avaliação de uma tradução? Que influências as traduções podem ter sobre a sociedade? Existe uma ética da tradução? Esses são apenas alguns dos temas de interesse para os Estudos da Tradução. Talvez eu venha a falar sobre alguns deles aqui no meu blog.

4 comentários:

denise bottmann disse...

que legal! acompanharei com todo interesse.
parabéns
denise

Cláudia Martins disse...

Que bom, obrigada, Denise. E agora que eu tenho um blog, poderei seguir o "Não gosto de plágio" dia a dia, em vez de só ler depois que você envia aquela lista periódica. Assim talvez eu me anime a comentar de vez em quando.

Anônimo disse...

Legal, Claudia, já coloquei no meu twitter e vou compartilhar. E aproveitando , vou agora mesmo no "Não gosto de plágio" pra tietar a Denise que deu provas de coragem e ética no Estadão de ontem, sobre o livro do James Wood. De quem nem sou tão fã...mas da Denise , eu sou e muito!
Sucesso pro Blog! Ana Carla Rocha

Cláudia Martins disse...

Obrigada, Ana Carla! Também admiro muito a coragem da Denise. Ouvi falar dessa polêmica a respeito do livro de James Wood, mas ainda não tive tempo de ler os artigos em questão.

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